Garras de Obama sobre o Brasil |
OBAMA E O EXÉRCITO DE MISERÁVEIS
Mais uma vez, o Rio vai passar por uma cuidadosa maquiagem para que o chefe de estado norte-americano tenha uma boa impressão sobre nosso talento de maquiador.
Sim, porque Obama deve saber um pouco mais que um americano médio sabe sobre o Brasil. Obama sabe, por exemplo, ao contrário da maioria de seus compatriotas, que aqui não tem elefante na rua. E que a capital não é Buenos Aires. Montevideu, talvez...Tem é muito mendigo, e o presidente dos EUA sabe muito bem disso. Mas Obama não verá os milhares que dormem sob as marquises da zona sul. A prefeitura e a PM tratarão de empurrar para bem longe cachaceiros, menores viciados em solvente ou em crack, trabalhadores que não têm dinheiro para voltar para casa, desempregados, famílias expulsas de favelas por traficantes ou milicianos.
Serão, todos eles, enxotados criteriosamente para bem longe das vistas do "homem".
O choque de ordem no Rio virou fumaça. Não há mais vagas nos abrigos, porque a prefeitura não suspeitou do tamanho da nação de excluídos que existe dentro do Rio de Janeiro. Quem passear por Copacabana por volta das 6 hs verá que estão todos lá, dormindo ao relento, nas calçadas imundas, com ratos e baratas a andar sobre seus corpos. Pararam de recolher os mendigos e eles se multiplicaram.
Durante o dia, a guarda municipal impede que eles fiquem na orla, para que os turistas não os vejam nem tenham suas câmeras digitais surrupiadas. Então, o lumpem se esconde pelas ruas secundárias do bairro, dormindo em velhos sofás manchados de urina e à espreita de um gringo curioso.
Na Cinelândia, onde Obama vai discursar, também serão evacuados os pivetes e as matronas que vivem de parir pedintes que depois se tornarão assaltantes. Tudo promete estar limpo e cheiroso. Mas o efeito do perfume acaba na segunda-feira, quando Obama volta para o Olimpo e nós, à nossa realidade cotidiana.
O Brasil repudia a visita de Obama |
Sediamos a Eco 92, com Exército nas ruas. Os Jogos Pan-americanos, quando construíram uma Vila Olímpica num mangue que agora está afundando em Jacarepaguá. Agora vêm a Olimpíada e a Copa do Mundo. Empurraram o tráfico armado para a Baixada Fluminense e para as favelas da Avenida Brasil. E, em 2014 e 2016, durante dois rápidos meses, estaremos impecavelmente maquiados para que os gringos saibam que temos excelentes maquiadores por aqui.
Ah, as "obras que ficarão"! Nunca pensei que um país precisasse do pretexto de sediar competições internacionais para melhorar seu sistema de transportes. Achei que fosse uma obrigação dos governos...
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