A revolução democrática e a perda de um tempo precioso |
E AS LIÇÕES DA HISTÓRIA
Hugo Chávez de fato não morreu. Ele estará vivo e
moldurado na parede Histórica da América Latina. Poucos tiveram a ousadia de enfrentar com tanto ímpeto, o antagonismo
de classe que a natureza sistêmica impõe. Há de se considerar que ele foi um
herói. Lutou pela Construção de um sonho que foi interrompido com a sua morte,
e que está à um passo do despertar trágico da derrota eminente. Quando a direita reacionária lhe golpeou pelas costas,
lhe tomando o mandato democrático ratificado pelo proletariado, estava na
verdade ensinando-o a forma correta de se manter o governo. Ela, a direita,
estava dizendo abertamente, que existe uma diferença entre assumir o governo e
deter poder.
Chávez voltou ao governo, mas ainda sem o poder.
Estava enfraquecido com o recado. Passou a ser mais cauteloso e permitir que a
burguesia se reorganizasse e se fortalecesse. Media as palavras, perdeu alguns
embates políticos com os EUA, até diminuiu um pouco a exportação de óleo para a
América, mas nunca rompendo definitivamente. De certa forma parece ter aprendido
que o povo lhe garantiria o governo, mas só o capital lhe daria o verdadeiro
poder para governar, nos moldes da "revolução democrática", que
escolheu.
A grande contradição é que não existe revolução
democrática. A parcela burguesa da sociedade acostumada com os benesses da
riqueza produzida pelo proletariado, jamais vai abrir mão de graça e de bom
grado desses privilégios. Chávez esqueceu de olhar para a história, ou se olhou
não a observou. Todo processo revolucionário, requer por sua natureza, a
violência revolucionária. É neste norte que as transformações de fato acontecem.
Na revolução Bolivariana, os pilares da burguesia não
foram quebrados. A grande industria permaneceu gerando exploração humana, e a
reforma agrária foi parcial. O grande capital não foi expropriado, os suportes
de comunicação permaneceram nas mãos da burguesia que deram continuidade ao
processo de alienação das massas. Esse fato foi fator preponderante, para que
um empate técnico quase acontecesse nas eleições de dois mil e doze, entre ele
e o representante do capital, Henrrique Caprielles.
A Revolução Bolivariana construiu os seus alicerces na
figura de Chávez, e com ele, ela parece se despedir. Nos convém apenas a
lamentar, mas de forma consciente do que já era previsto, porque não foram
seguidos os passos históricos requeridos para a libertação de um povo. As
etapas não foram executadas a ferro e a fogo como devido. O resultado, é o
retorno moralmente vitorioso dos reacionários na figura do Caprieles. Com uma
insignificante porcentagem de votos, A História mais uma vez ofereceu aos
venezuelanos, através de Nícolas Maduro, a oportunidade da autocritica, e da
reorientação do norte revolucionário.
Estava chovendo forte aqui em PVH esta semana, quando
eu fazia uns estudos. De súbito, uma barata voou pela minha janela se
fixando na parede. Como convém à lógica, tomei o maior susto desse inseto
asqueroso (aliás eu não sei porque tenho esse sentimento pelas baratas, em
detrimento de outros insetos). Conforme a tradição, eu peguei um chinelo e krac! la estava ela mortinha da silva, no chão. Fui pegar a vassoura para
apressar a despedida do nosso infeliz encontro. Quando voltei ao local do óbito,
pasmem! Ela não estava mais lá. Eu julguei tela matado. E agora, onde ela
estaria? E se a noite, quando eu estivesse dormindo ela procurasse vingança?
Fiquei mais apavorado ainda. Procurei-a incessantemente até encontra-la se
debatendo, onde conclui o óbito e me livrei finalmente dessa praga.
Se maduro não souber interpretar a história, não assumira o poder de fato |
Quando uma parcela da sociedade decide revolucionar
suas vidas, sua direção, vai se deparar com inimigos asquerosos de classe. Esse
inimigo é poderoso e tal qual uma barata se finge de morto para que possa ter
tempo de se reorganizar. Se o proletariado que assume o governo, não decidir
assumir o poder de fato, quando menos esperar vai se deparar com a ressurreição
de uma classe antes tida como morta. Foi o erro do Chavismo.
Chávez uma vez
declarou em um discurso: A direita está morta na Venezuela! Tal qual uma
barata, ela demonstrou estar viva e operante. Se Maduro não completar com a
violência revolucionária o processo que Chaves não concluiu, e seguir a linha
democratista, e conciliadora, os obscurantistas reacionários reassumirão o poder no próximo pleito.
A História não é Pai e não é Mãe. Não é amiga ou inimiga, ela é apenas um livro para os que sabem ler e interpretar.
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