O circo da burguesia |
Eu estava prestes a fazer umas considerações sobre um tema que pesquisava, quando me deparei com uma matéria jornalistica da Folha.com. A jornalista falava sobre o sucesso da sociedade brasileira, que conseguiu elevar o número de sua classe média para sessenta por cento da população. Isso de fato é espantoso. Só os países onde o capitalismo está mais avançado -chamados primeiro mundo- e que baseiam sua manutenção e crescimento nas guerras de pilhagem, como vimos recentemente na Líbia, conseguem manter um padrão elevado de vida para sua população.
Se considerarmos a matéria da jornalista Erica Fraga, e sabendo que a burguesia é formada por uma média de dez por cento da população, e tendo em sua órbita mais vinte por cento que formam uma classe média alta, restam setenta por cento. Segundo a matéria. baseada em estudo Data Folha, sessenta por cento ascenderam à classe média intermediaria. Isso nos leva a crer que apenas um, em cada dez brasileiros, está na pobreza. Curiosa contradição. Pois até mesmo a ciência capitalista, exige que haja de vinte à trinta por cento de pobres para manter o equilíbrio de sua natureza opressora e exploradora.
As contradições da matéria não são menos curiosa do que a pesquisa. Em determinado trecho, ela fala que a "classe média -dividida em seguimentos- intermediaria possui 37 milhões de jovens de 16 anos ou mais com perspectivas educacionais mais elevadas", - como- "grupo que mais se expandiu no pais, só perdendo para os excluídos". Ora, se já observamos que segundo a análise, teríamos apenas um por cento de excluídos, como eles poderiam ultrapassar 37 milhões, e só de jovens, e de apenas um seguimento da chamada classe média? Um por cento de duzentos milhões de Brasileiros seriam apenas dois milhões. Ou a jornalista não sabe fazer cálculos, ou não entendeu a pesquisa.
O economista Marcelo Neri (FGV), fala do aumento da renda da classe media. "Maior acesso ao credito". O distinto Economista, ou seria Economicista? Esqueceu de explicar que o "aumento da renda", etás consequentemente atrelada ao aumento dos preços, o que fica elas por elas. E que o aumento do consumo está interligado ao aumento do credito, e por conseguinte ao aumento do endividamento. Na continuação, a matéria fala da "posse de bens". Ela quis se referir ao consumo de aparelhos de Televisão, Computadores, Carros, Casas, etc..., pela dita classe media. Essa armadilha de consumo para "elevar o nível da população à classe média" e apresentar boas estatísticas, é importante para o sistema. Ela gera confiança no mercado e mantém um ciclo de crescimento e consumo. No entanto, vai desaguar no máximo em uma década na crise cíclica do capitalismo. Dai, a tal classe média que caiu na armadilha, vai chorar amargamente. Perdendo Casa, Carro, ou indo parar no Serasa com carnês e cheques em dívidas impagáveis. Ou pagáveis a preço de sangue suor e lagrimas.
Esse é o circo da dos horrores da economia nacional. Pautada em frágeis princípios da moral consumista pequeno burguesa, que não se contenta em ser aquilo que é, ou será: o que não é. Em uma sociedade de classes dominada pelas Oligarquias Financeiras, Industriais, Latifundiárias, Politicas e Burocráticas.
Para não da como certo o incerto, e se eximir de culpas futuras, a representante econômica dos assuntos estratégicos do governo burguês, Diana Grosner, se pronunciou da seguinte maneira: "Nós estamos tentando pensar em políticas que ajudem essas pessoas a não retornarem para a pobreza, porque esse é um risco", não é um risco é uma certeza. Basta olhar para a cries que jogou milhões de Americanos na miséria. o modelo é o mesmo: Ascender a classe do proletário, possibilitando legalmente a liberação de crédito para aquecer a economia, construir um endividamento insustentável até o blecaute. É uma irresponsabilidade jogar tantas famílias no precipício do consumo sem estrutura para se manter.
A verdade é que temos um universo de mais de cem milhões de trabalhadores. Apenas trinta e cinco milhões em média, possui carteira assinada. A grande massa se espreme na divisão da informalidade e sem garantias do amanhã. Quanto aos excluídos, basta olhar para o crescente número de favelas nas grandes capitais do pais, incluindo Porto Velho em Rondônia. São mais de quinze milhões de famílias sem um teto digo para morar. Chamar esse proletariado espoliado, desvalido e humilhado, de classe média, é puro sarcasmo político. É no minimo uma arrogância moral.
A ilusão de ser pequeno burguês |
Ate lá, vamos continuar rindo das piadas de mau gosto contada pelas instituições, como Data Folha e FGV. Por Jornalistas e Economistas irresponsáveis e sem compromisso com a verdade. Piadas, desde que não sejam de mau gosto, até que são bem vindas.
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