Criar falsa esperança nas crianças é um crime |
Recebi um convite da Carlinha, minha amiga do Face Book, para participar de um evento comemorativo do dias das crianças, aqui em Porto Velho. Cargas d'agua não pude comparecer.
Fico considerando, quantos milhares de eventos aconteceram por esse Brasil afora, organizados pela pequena burguesia e suas ONGs. Pessoas bem intencionadas e de bom coração. Que buscam à sua maneira, atenuar as diferenças sociais que a democracia de classe, burguesa, impõe aos filhos do proletariado.
Mais de quarenta anos se passaram e eu também era uma criança feliz. Os pequenos burgueses de minha época também faziam festas, distribuíam bolos, bolinhas, apitos e toda sorte de itos. Sempre com a promessa de um futuro melhor. Quando degusto uma fatia de bolo no dia das crianças, lembro da imagem de um homem: Delfim Neto. Economista do Governo Costa e Silva, que congelou os salários dos trabalhadores e aumentou as tarifas públicas. E que comparou a economia a um bolo, dizendo que era preciso fazer o bolo crescer para poder dividir. Eu e milhões de filhos de trabalhadores cresceram junto com o bolo. Mas não recebemos a nossa fatia. Ele também ficou conhecido como: M. dix pour cent (senhor dez por cento). Era como os franceses o conheciam, por cobrar 10% de gorjeta por privilégios concedidos, em transações do governo Brasileiro com empresários Franceses. Essa parte do bolo não foi para as crianças de minha época..
Há de se convir que uma criança ao receber uma simples lembrança, pela comemoração do seu dia, liberta-lhe um sorriso de encanto, e por certo faz do mundo um pouco melhor. No entanto, os pequenos burgueses que o promovem, esquecem ou não sabem que esse norte, não as libertará das contradições do sistema, que eles mesmo sustentam. Quando elas crescerem, assim como eu cresci, o sorriso se transformará em um pranto de dor. O mesmo que sente todo trabalhador. Ela saberá que não haverá espaço suficiente para todos, apenas um ou outro conseguirá, pois o sistema não suporta à todos. Os qualificados, serão os filhos da burguesia, que abrirão as poucas portas para uma vida decente. No mais, só restarão as lembranças do bolo, do carrinho ou boneca, e dos apitos. Mentir para as crianças ou criar nelas uma falsa esperança, é um crime maior. O norte do dia das crianças precisa ser repensado. A verdade precisa ser dita a elas afim de que não cresçam indignadas, mas revoltadas, e assim, possam pela força coletiva que possuem, ao cresceram, derrubar a força de classe que as oprime e domina.
Não houve no passado e não haverá no futuro, esperança para as crianças filhas da labuta. O nariz do seu amanhã está quebrado, e não haverá calcificação social, sem que a ditadura capitalista burguesa seja engessada, e elas voltem a sorrir com um novo modelo democrático. A democracia popular.
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