Adam Smith o pai do liberalismo econômico |
O FRUTO DE UMA IDEOLOGIA
Para quem bem viveu, sabe que existe fatos transitórios e outros marcantes. Dentre eles, o que mais choca é o quadro doloroso fincado na parede do objeto social simbolizando a pobreza.
A negação da liberdade substantiva, fere o inalienável direito a uma decente vida humana. Julgar que o esforço individual concederá a cada homem o tão sonhado bem estar social, é pura arrogância ideológica. Se este princípio tivesse algum fundo de verdade, bastaria então o trabalhador continuar com seu esforço cotidiano de oito a doze horas de trabalho, dentro do processo de produção e distribuição capitalista, para que pudesse ter acesso a já citada liberdade.
Porém, o que vemos é um profundo antagonismo dessa linha de pensamento entre produção e distribuição. Quanto maior é a quantidade bens produzido, menor é a parcela distribuída, percentualmente falando. E quanto maior é a produção, maior se torna o acumulo e a centralização da riqueza, diminuindo vertiginosamente assim, a possibilidade de novos espaços dentro dessa linha de pensamento.
Não estou querendo aqui me colocar como um pessimista, apenas estou considerando uma linha de raciocínio cientificamente comprovada, e politicamente negada. O interesse de classe tenta mostrar que o esforço pessoal dentro do sistema, pode levar o homem a ser bem sucedido. No entanto ele nega que os espaços a serem preenchidos, são limitados, e não há realmente, lugar ao sol para todos.
Imaginemos colocar dez ratos famintos dentro de um ambiente fechado e jogar no meio deles três pedaços de queijo. O resultado é previsível. Os mais fortes serão alimentados sob a pena de morte dos mais fracos. É exatamente esta filosofia que o capital emprega. Para disfarçar seus intentos, ele apela para a alienação. Os jovens crescem cientes de que conseguirão seu pedaço de queijo caso se tornem fortes. A igreja, a Escola, a Imprensa, são os principais mecanismos dessa alienação. São ensinados subliminarmente que necessitam ser individualistas, egoístas, presunçosos e prepotentes. Não podem confiar nem acreditar em ninguém. Devem seguir incontinentes seu rumo ao sucesso!
A alienação sistêmica, esconde o fato de que as estatísticas apontam, que apenas trinta por cento dos esforçados conquistarão os espaços dignos da sociedade - não estou me referindo ao topo do sistema, apenas aos espaços reservados para os serviçais de primeira linha-, os outro sete jovens sangrarão até a morte social, educacional, espiritual, emocional, cultural, e financeira. Se tornarão os fracassados. Seres humanos de segunda terceira ou quarta categoria.
Fruto da filosofia de Adam Smith |
A depressão é tão profunda aos homens que fracassaram nesse jogo competitivo, que chegam a renunciar a sua própria existência enquanto ser humano e tendem a se tornarem literalmente animais. Perdem completamente a força vital do seu emocional, e acabam mesmo aceitando que não são "ninguém". Esse produto do sistema torna-se uma doença para o estado e a sociedade. De um lado, os formadores de opinião tentam esconder a verdadeira causa e efeito, acusando o próprio individuo de sua incapacidade de sucesso, do outro, a própria sociedade alienada sente nojo desse produto asqueroso e cancerígeno, passando ao largo sem dar atenção, como para que não seja também contaminada.
Um fato marcante e não transitório, me aconteceu nas ruas de Porto Velho, Rondônia. Uma família deitada numa calçada de uma rua as escondidas, dormindo. Não da pra esquecer aquela menina acordada que me olhava enquanto eu passava, como que me perguntando o por que; do que não conseguia entender. O que por certo eu também não saberia explicar. Só não consigo esquecer o seu rosto de fome angelical, e que segurava em sua mão direita uma gaiola, com um periquito cor-de-rosa.
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