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O caráter revolucionário do voto nulo no segundo turno |
“Nós revolucionários, não pretendemos melhorar ou reformar o modelo de Estado burguês, pretendemos destruí-lo. Neste pântano forrado de cetim, adornado com flores de perfume jasmim, está à armadilha que se debate a vanguarda da esquerda revolucionaria, com suas narinas já sufocadas de areia pantanosa. E que se digladiam também até entre si, para ver qual dos elementos fraudulentos, consegue primeiro agarrar o galho da vaidade legalista; que servirá de suporte, para sua salvação”.
O VALOR IDEOLÓGICO DO VOTO NULO
A deformação da conduta ideológica dos comunistas, que são levados
a participar das eleições e votar no candidato da burguesia que é “mais avançado”; se baseia no preceito
de Lênin, que em determinado momento
histórico determinou que a esquerda revolucionaria da Rússia deveria votar nas
eleições burugesas. Isso se tornou um determinismo entre os intelectuais
seguidistas como sendo um credo. Esse comportamento pode ser avaliado como sendo um desvio ideológico.
Votar no mais “avançado”, no caso do segundo turno, no candidato do PT; não
faz diferença para o proletariado. Pois
Dilma representa tanto a burguesia quanto o Aécio. A diferença é que eles
representam apenas frações oligarcas diferentes, porém com interesses iguais. A alegação
da esquerda, de que com o Lula orientando
a administração do Estado, Cuba e os governos progressistas são
beneficiados, é uma falácia. Pois os investimentos financeiros na ilha
caribenha, possui apenas um caráter econômico
e de natureza capitalista com aplicação de mais valia. Isso a China já
faz há algum tempo. E a Odebrecht que está executando as obras, também está
financiando a campanha do candidato Tucano. Utilizar este argumento para justificar a
participação no sufrágio universal burguês, é uma postura oportunista e não um
avanço; pelo contrário, é uma postura contrarrevolucionária e pedante, da esquerda
revolucionaria.
Renunciar a participação nas eleições burguesa, e incentivar
o voto nulo no segundo turno, é um ato
consciente que deveria ser propagado aos quatro ventos, e soado pelas sete
trombetas apocalípticas, a fim de que os selos do obscurantismo fossem
rompidos, e o sistema levado a um colapso moral. No momento da contradição
conflituosa, o proletariado teria ratificado pela critica da negação, mesmo
indo as urnas, a sua insatisfação. Teria então, a classe laboriosa, se elevado
a um nível de consciência avançada, e levado a burguesia a um choque de gestão em sua autocrítica.
A negação nem sempre se da pela ausência, ela pode acontecer
mesmo diante da afirmação. No período histórico em que Lênin incentivou a
participação, a esquerda revolucionária já estava em um estágio avançado de
confronto direto com o Czarismo. Em nosso momento histórico, nem mesmo a união de toda a
esquerda revolucionária, chega a fazer cócegas nos pés do sistema. Pelo contrario.
O incentivo a participação no segundo turno das eleições, apenas reafirma a democracia burguesa, a cada
eleição. Esse comportamento conciliador é típico da pequena burguesia,
autointitulada revolucionária. O voto no primeiro turno até pode ser levado em
conta enquanto teste de força, e avaliação dos resultados qualitativos do
trabalho de formação da consciência de massa. Mas no segundo turno, na disputa entre a burguesia,
ele, o tal voto consciente e obrigatório, no candidato “mais avançado”, não
cabe.
QUANDO A AFIRMAÇÃO TORNA-SE NEGAÇÃO E A NEGAÇÃO TORNA-SE
AFIRMAÇÃO
Vejamos dois exemplos simplistas para elevar o nível de
abstração, compreensão e esclarecimento da contradição, no horizonte da
afirmação e da negação. Um patrão dono de uma metalúrgica oferece ao seu
escravo assalariado, um aumento de dez por cento em seus vencimentos. Porém no
momento do cumprimento do acordo, ele, o patrão, só concede oito por cento. Ele
alega que refez suas contas e que o aumento proposto levará a empresa a entrar
em dificuldades financeiras, o que poderá acarretar em demissões. Neste caso, a afirmação só teria se
realizado, no universo do cumprimento do acordo anteriormente firmado, que foi
de dez por cento. Assim, ele tornou a
afirmação do reajuste em uma negação do próprio reajuste, mesmo no cumprimento
relativo de sua palavra, concedendo um aumento relativo abstrato, em relação, e
apenas em relação aos dez por cento. Que foi o reajuste de oito por cento.
Em outro polo, o escravo assalariado que havia reivindicado
o aumento de dez por cento, passa a
negar a proposta de reajuste afirmativo relativo, do patrão, que foi
de oito por cento. Ele alega que o resultado objetivo dos vencimentos não
custearão suas despesas de renovação de sua força de trabalho. Ela, a afirmação
relativa da proposta de oito por cento, não satisfaz suas necessidades
substantivas. Ou seja, ela é para ele uma negação da afirmação. Neste caso, a
negação da aceitação da afirmação do patrão, tornou-se uma afirmação relativa,
da negação do escravo assalariado. Em relação, e apenas em relação aos oito por
cento. Que deveria ser de dez por cento.
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Seguidismo é corrupção ideológica |
Seguindo este raciocínio lógico, entendemos o porquê da
burguesia permitir tanta abertura, e um forte incentivo na participação do
sufrágio universal, dentro de sua democracia; muito pouco democrática. Essa
cortina de fumaça que referenda e legaliza o representante burguês, que irá gerenciar os interesses de classe
no trono do Estado; além de constituir a AFIRMAÇÃO do caráter reacionário
sistêmico, constitui a NEGAÇÃO do caráter revolucionário da abstenção. Serve
apenas para ofuscar o cristalino do
olhar político revolucionário, pouco desenvolvido no espírito inconsciente do
elemento proletário.
Nós revolucionários, não pretendemos melhorar ou reformar o
modelo de Estado burguês, pretendemos
destruí-lo. Neste pântano forrado de cetim, adornado com flores de
perfume jasmim, está à armadilha que se debate a vanguarda da esquerda
revolucionaria; com suas narinas já sufocadas de areia pantanosa. E que se
digladiam também até entre si, para ver qual dos elementos fraudulentos, consegue
primeiro agarrar o galho da vaidade legalista; que servirá de suporte, para sua
salvação.