Escolhemos o caminho da luta ao da conciliação (vladimir llyitch uliánov lenin)

domingo, 14 de outubro de 2012

UM PONTO ABERTO NA ALMA

A revolta oculta dos oprimidos
UMA CHAGA MAL CURADA

   Já se passaram sessenta anos. Este é o tempo de vida de Emanoel, um trabalhador que como milhões de outros, serviram ao sistema e  ajudaram a enriquecer o patronato. Foram anos de dedicação até que sua energia vital se exauriu e ele foi descartado, como uma caixa vazia e sem vida. Eu o conheci em Porto Velho numa tarde onde passeava no Museu da praça Madeira Mamoré. 
   Contando sua história de vida, ele falou que teve dois filhos que seguem pelo  mesmo caminho do pai. Sem estudo e sem profissionalização, eles também são o tipo ajudante geral. Foram de fato  gerados apenas para servir, para mover a maquina do sistema, a fim de que outros possam desfrutar de conforto e qualidade de vida que a tecnologia proporciona. 
   Ele não revelou abertamente uma grande revolta de seus patrões, até elogiou o último que o dispensou, pelo fato de ter adoecido com uma enfermidade que lhe requeria repouso e medicamentos. "ele foi muito bom comigo". Expressou. Em sua inocência, ele ainda vê o patrão "como um pai", por ter comprado medicamentos que  possibilitou a sua recuperação. Mas ao mesmo tempo sente que a diferença na qualidade de vida se acentuou ao longo dos anos. Ele sabe comparar o avanço dos filhos do patrão e a estagnação dos seus, "eles não tinham tempo pra estudar, era só trabalho, tinham que ajudar, então cresceram burro de pai e mãe". Expressou.
   Ele me mostrou um jogo da mega sena que  fez. Sua esperança no bilhete premiado, se confundia entre as rugas formadas  em seu rosto envelhecido, não apenas pelo tempo, mas pela falta de nutrientes e excesso de trabalho com puco descanso. Sua expressão cansada, revelava em oculto, segredos de uma vida sofrida que só a ele pertence. E a tal esperança em ficar rico com a jogatina, ele divide com milhões de outros trabalhadores cansados pelo pais afora. Ele espera e seus filhos também. Provavelmente seus netos vão compartilhar dessa espera que não chega, e que por certo não chegará. Seu Emanoel é só mais um proletário dentre a grande massa produtora em torno do mundo, que existem apenas para servir e enriquecer uns poucos burgueses.
   De fato foi curada a ferida do seu corpo com adornos de bondade patronal, fazendo-o crer que viveu amparado, protegido, sob uma falsa sensação de plena  liberdade democrática. Ele se dizia conformado, mas no espelho dos seus olhos eu podia ver claramente, brotar em sanguinolentas gotas de silencio, a mortal revolta dos oprimidos, de uma chaga mal curada, num ponto aberto de sua alma.

domingo, 7 de outubro de 2012

DO OUTUBRO VERMELHO

Lenin e o outuro vermelho
AO OUTUBRO ROSA

    Mais uma vez a burguesia internacional se faz presente na tergiversação da história. Essa prática possui um caráter cientifico; pois, torna-se quase impossível apagar um fato histórico, é mais prático substituí-lo. 
    Um grande exemplo dessa prática, foi o onze de setembro ocorrido no Chile em mil novecentos e setenta e três.  Liderados pelos Estados unidos,  os militares bombardearam e destruíram o palácio presidencial matando Salvador Allende, o primeiro presidente socialista das Américas, vitorioso nas urnas dentro do processo eleitoral democrático burguês. Até pouco tempo esse evento era comemorado no mundo inteiro, tornando-se um calo no calcanhar da Burguesia internacional. Como não pôde ser apagado, ele foi substituído pelo onze de setembro de maior apelo emotivo, com a destruição das torres gêmeas nos EUA. Este novo evento  ganhou  o apoio da imprensa mundial, num esforço coletivo de tergiversação Histórica.
   Um outro acontecimento de grande envergadura, foi o Outubro Vermelho. Acontecido no século passado, em mil novecentos e dezessete, na Rússia, onde os trabalhadores liderados por Lênin, assumiram, em um processo revolucionário, o controle das riquezas do estado burguês. Esse exemplo influenciou o proletariado mundial, e outras revoluções começaram a ser construídas em diversos países inclusive no Brasil, tornando-se um evento internacional.
   Este outro calo no calcanhar da burguesia  precisava ser exterminado, ou substituído. Então, em 1990 em Nova York, o movimento simpático contra o câncer de mama  ganhou o nome de Outubro Rosa. Era isso que a burguesia esperava, um substituto popular para o Outubro Vermelho. Esse movimento poderia ter sido chamado de Março Rosa, já que é esse o més das mulheres. O projeto é importante, erradicar o câncer de mama. Esse mal que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. Mas o apelo social e de saúde não suplantam o apelo revolucionário para libertação da raça humana das mazelas criadas pelo capitalismo. Inclusive o descaso de seus governos à saúde feminina, citando-se o próprio câncer de mama.
A Burguesia e o Outubro
Rosa 
   Agora,  a pequena burguesia animada com a renovação de ideias banais, se movimenta como peça de um xadrez, levada a reboque pelos senhores do capital, em grandes manifestações e passeatas pelo novo Outubro. Grande parcela do proletariado desinformada, segue também esse rumo sob os fortes apelos midiáticos. Trocar um evento revolucionário por um apelo de saúde, é no minimo uma arrogância; no entanto,  parece ter sido um negocio lucrativo para os senhores do capital, que com sucesso, comovem os incautos, e tergiversam  mais uma vez a Historia revolucionaria do proletariado mundial.